Por Alexandre Martins

"Em um cenário apocalíptico, a violência das forças de segurança e até mesmo o risco de transbordamento do rio que ameaçava inundar o centro da cidade [...] Durante a gravação do seu terceiro álbum, no fim da tarde, os músicos iam jogar futebol com moradores locais"

Poderia ser Belém de 2020 e os músicos, talvez, chutaríamos a banda Morfina Punk integrante da "Liga Hardcore" que promove campeonatos entre as bandas da cidade. Mas não é a cidade das Mangueiras e não se trata do Morfina, esse trecho se refere ao The Clash e à caótica Londres de 1979 durante as gravações do "London Calling", por coincidência, o terceiro álbum da banda britânica e que nesse mês completa 41 anos de seu lançamento.

Quem viveu o underground paraense dos anos 2000 certamente conhece o Morfina Punk, banda formada em 2005 pelo japonês do punk rock, Júlio Shikama, acompanhado de Mario Renan (baterista) e Cassiano (baixista). Tocaram em diversos eventos por Belém e região metropolitana. A banda é dona de um dos maiores clássicos das "rockadas" daquela época, a música "Brasil Terceiro Mundo", lançada em seu primeiro disco.

Muita coisa aconteceu, a banda parou por quase uma década e nesse segundo semestre de 2020, em meio à pandemia do Covid19, retomou os trabalhos com o disco "Porque o Tempo Requer", esse título já diz tudo. Precisava voltar mesmo! O novo trabalho conta com sete faixas que logo serão publicadas nas plataformas digitais.

A banda nos oferece seu terceiro disco de estúdio repleto de mudanças positivas na influência musical e rico em conteúdo político. Sim, tem faixas que vão questionar: Cadê o "Old School Punk Rock?" Isso mesmo! Do London Calling até aqui, ainda tem gente chata pra caramba que não entende que a atitude vale mais até do que o som, e no caso de "Porque o tempo Requer" som e atitude se complementam com a pluralidade necessária dos dias atuais.

Músicas como "Sábado Breu" que narra as lembranças de um amigo perdido para a criminalidade, com um fim traumático à uma infância cheia de esperança, nos leva à reflexão: "Até quando vamos viver isso?". Na "Fim da Terra" a crítica é direcionada aos que dizem "Eu não quero nem saber", mas temem as consequências, sem entender que ser "isentão" facilita a desgraça de todos.

A política segue nas "Desobediência Civil" baseada no livro anarquista de 1849 de mesmo nome e na "Impostos" que mira suas forças contra o estado e seu poder judiciário. E ainda traz a surpreendente "Guerra Não Se Faz", uma das mais belas melodias do rock paraense que tocaria em qualquer rádio do país, assim como a faixa "Heloísa Rock N Roll" que cairia bem em qualquer luau de responsa em Algodoal ou Baía do Sol.

O álbum conta com a participação de feras da história do punk rock paraense, como o grande Giovani Villacorta, ex-Norman Bates e atual Baby Loyds, Alan Punkada da banda Fora Parte e Renan Scoob da Banda The Johnnys. Vale a pena ouvir a profunda mudança e a maturidade do Morfina Punk.


Por Alexandre Martins - Paraense residente em São Paulo há 6 anos, organizador do Fest Rock Amigos e ex-vocalista da Banda HDN.


Texto retirado do site - https://whiplash.net/materias/news_736/327194-morfinapunk.html



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