A Arte de Berrar: Vocal gutural expressa sentimentos e sonhos
Tati Klingel é precursora no canto e ensino de vocais agressivos



A cantora Tati Klingel é a precursora no vocal gutural feminino em Curitiba, e desenvolveu uma técnica específica para desempenhar este papel. Uma referência em vocal agressivo em âmbito nacional, há anos passou a lecionar aulas de canto, o que possibilitou que muitos outros pudessem se desenvolver e alcançar seus objetivos dentro do universo musical.

Sua carreira como vocalista de bandas de metal e instrutora de técnica vocal será eternizada no documentário “Curitiba In Peso – A História do Metal Coré-Etuba”, material que conta a história da música pesada na capital paranaense. A artista gravou este mês sua participação, falando de maneira sincera sobre o cenário musical da cidade e suas conquistas neste meio.

Tati dá aulas de vocal há sete anos, com o projeto A Arte de Berrar, o que vem alicerçando cada vez mais sua carreira. Além do acompanhamento dos aprendizes na parte musical, ela presta assessoria para o crescimento dos alunos como artistas em cima do palco. Uma das alunas de Tati Klingel é Fernanda Souza, que não tem banda mas tem como sonho integrar um grupo de Black/Doom Metal. Uma das recentes realizações de Fernanda foi aparecer em um vídeo ‘fan-contest’ da banda Crypta, interpretando a faixa “From The Ashes”.

Assista ao video: https://youtu.be/goJehVsDDrg

Realizações

A jovem Fernanda conta como entrou no universo da música pesada: “Desde os 15 anos acompanhava bandas com mulheres com vocal extremo: Arch Enemy, Cadaveria, Kittie e Otep. Nunca achei que para o estilo existiria algum tipo de técnica como para o canto tradicional”. Em uma conversa com um amigo, acabou desmotivada pela falta de uma orientação técnica para esta modalidade vocal: “Lembro como se fosse hoje, há mais de 10 anos, de comentar com um amigo que tinha banda e cantava gutural: ‘um dia quero cantar assim’. A resposta foi: ‘cante limpo, não faça isso com sua voz, machuca’”.

O fato postergou seu aprendizado, sonho retomado recentemente: “Durante a pandemia comecei a pensar em realizar alguns sonhos antigos. Procurei professores de gutural e canto extremo de forma geral e me surpreendi com a quantidade de pessoas qualificadas para falar do tema, sobretudo quando pensamos no público feminino, já que esse tipo de canto sempre foi visto como ‘para homens’”. E quando Fernanda encontrou Tati Klingel, a sintonia foi imediata: “Eu tinha uma meta: fazer aula com alguém que eu ouvisse e falasse ‘mano, olha essa voz, pago um pau!’. Isso aconteceu com a Tati! Comecei a ver ela cantando, dando aula, a energia, o método, e sobretudo a paciência, e me joguei”, explica.

A relação criada entre as duas não foi apenas de instrutora/aluna: “Comecei as aulas extremamente empolgada, mas [tive] uma crise de refluxo, seguida por uma gastrite. Fiquei parada uns dois meses, dei uma desanimada, mas a Tati com toda paciência do mundo deu todas as dicas, não desistindo dos alunos. Posso dizer que o canto tem sido terapêutico na minha vida, em momentos tão difíceis para nós atualmente”, relata.

Toda a dedicação de ambas as partes foi coroada com a aparição no vídeo da Crypta: “Não esperava esse boom de aparecer no clipe de fãs do Crypta. Isso foi insano. Mandei despretensiosamente, achei que não rolava! Quando vi minha carinha ali, do lado de gente foda em suas performances, eu cai de cara. Mandei na hora pra Tati, e o mais legal é que ela vibra com a conquista dos alunos, como se tivéssemos passado em uma grande universidade”. Apesar do reconhecimento, Fernanda não pensa em parar por aí: “Depois de ter meus segundos de fama no clipe, estou com um novo gás para continuar estudando mais ainda vocais extremos. Sobre ter banda? Música não é minha profissão, mas com certeza o gutural é minha paixão. Então, eu super participaria de uma banda”, finaliza. Conheça mais a história de Fernanda Souza em seu Instagram: https://www.instagram.com/_dendropheels.

Histórico

A carreira de Tati Klingel como vocalista de metal extremo começou há cerca de 15 anos, quando integrou o Diagora, grupo de tributo ao Arch Enemy. Posteriormente, a cantora, que cursa música na UFPR, teve marcante presença na lenda do thrash metal Mercy Killing, com a qual gravou o álbum Euthanasia, de 2015.

Atualmente integra a Hokmoth, que lançou em 2019 o EP Neophytvs. Outra banda que Tati faz parte é a Divine Pain, de Danilo Coimbra (Malefactor), com quem gravou o single – e compôs a letra - “Scarlet”.

Tati dá aulas de vocal há oito anos, com o projeto A Arte de Berrar, se tornando uma referência nacional sobre as técnicas de canto agressivo. Além do acompanhamento dos aprendizes na parte musical, Tati presta assessoria para o crescimento dos alunos como artistas em cima do palco.

Em março último, ministrou uma série de workshops e masterclasses voltados ao ensino da técnica vocal às mulheres,  atendendo tanto iniciantes quanto quem já tem alguma experiência com o canto.

Informações: www.tatiklingel.com