Szafa é Dj, músico, produtor cultural e videomaker de Delmiro Gouveia-AL, e um dos criadores da Zaréu Records, e tem se destacado principalmente por seus projetos musicais que mesclam a sonoridade da música eletrônica como a psicodelia, e traços da cultura nordestina, Szafa bateu um papo com a Bacurau web rádio, onde vocês pode conferir logo abaixo.
Bacurau: Szafa, você tem
participado de alguns projetos como o Dub Tédio, e agora se envereda para um
trabalho solo e mais intimista, qual são suas principais influências e como a
música experimental é recebida na cena Delmirense?
Szafa: Estou enveredando
por diversas sonoridades, tenho projetos voltados à música eletrônica, junto
com Robot Stop, parceiro musical, estou produzindo uma banca de rap chamada
CLK, e trabalhos paralelos como por exemplo ser percussionista do trio copo americano
projeto do Caio Praças. Minhas influencias são diversas, desde meus próprios
amigos músicos e artistas, ate nomes como James Blake, Karina Buhr, Céu,
Grimes, João Bosco, Bjork, Caetano Veloso, são diversas influencias de vários
estilos musicais diferentes que absorvo as sonoridades que me interessam e
nisso crio meus sons. Acho que assim como em todo o brasil a musica
experimental é bem “mal vista” na cidade, falta incentivo e valorização.
Bacurau: A música “Como
se” tem em seu eu bojo uma atmosfera melancólica e eletrônica, pretende
continuar a compor sons com uma tendência trip hop, ou pretende construir no
futuro músicas com mais “peso” e menos introspectivas?
Szafa: Eu estou pra lançar
um EP e nele tem sonoridades como synthpop, synthwave, eletrônica, e também uma
influência trip hop, mas também pretendo trampar com sonoridades como hard
trap, house e dubstep, assim como a sonoridade da Dub Tedio, que bebe de
timbres eletrônicos bem ácidos e pesados.
Bacurau: A cena underground
Delmirense sempre foi muito ativa, como em todo interior sempre com altos e
baixos, intercalando períodos de mais produção e períodos com quase nada de
novo, como você via a cena pre pandemia, e como a vê atualmente?
Szafa: A cena estava bem
parada, do meio pro fim de 2019 foi que ela começou a se refazer, com a chegada
da pandemia todo esse movimento que estava se refazendo voltou à estaca zero.
Eu acredito que agora após a aplicação da lei Aldir Blanc e com a chegada da
vacina o ano de 2021 vai ser um período de extrema produção artística, e eu
fico muito feliz com tudo isso. Espero que a aplicação da Aldir Blanc sirva de
trampolim para que se produzam mais projetos artísticos nas diversas áreas e
com isso o cenário artístico na nossa região floresça cada vez mais e sirva de
estimulo para que surjam novos artistas.
Bacurau: A classe
artística foi um seguimento da cadeia produtiva que mais amargou prejuízos com
a pandemia, muitos artistas não receberam o auxílio emergencial e muitos nem se
quer tiveram acesso aos editais e prêmios da lei Aldir Blanc, como se deu a
articulação dos artistas Delmirenses para conseguirem ter acesso a esses
recursos da Aldir Blanc?
Szafa: No texto a cima eu falo da importância da Aldir Blanc para toda uma classe artística em um momento como esse, mas não posso deixar de concordar e dizer que infelizmente muitos artistas ficaram de fora desse processo por falta de informação e divulgação por parte dos órgãos públicos; uma boa parcela desses artistas inclusive eram os que mais necessitavam do auxílio assim como dos editais. Aqui como em boa parte do Brasil o processo se deu de forma bem lenta e desgastante, foram mais de 7 (sete) meses de organização, reivindicação e burocracias, em meio a tudo isso ainda pegamos uma mudança de gestão que fez com que o processo atrasasse mais ainda. Foram 5(cinco) meses de reuniões com a antiga gestão, idas a prefeitura, diálogos e mais diálogos e pressões por prazos, quando achávamos que estava tudo engatilhado houve a mudança de gestão e todo o processo levou mais de dois meses para ser concluído e todos os contemplados tivessem seus dinheiros na conta.
Bacurau: Como surgiu a
ideia de montar um estúdio e o selo a Zaréu Records?
Szafa: A ideia partiu por
mim no ano de 2016, a ideia era ter simplesmente um espaço onde eu pudesse
gravar e lançar minhas músicas junto com a Baraúna, banda na qual eu fazia
parte na época, o projeto foi engavetado tendo apenas uma única música lançada
pelo selo, Câmara de Ecos, minha primeira produção solo, remix de um texto do
Wally Salomão; ainda se encontra disponível no youtube no primeiro canal da
Zaréu Records. Em 2020 ano inicial da pandemia minha faculdade tinha sido
fechada e as aulas paradas por tempo indeterminado, sem trabalho e sem estudar,
com basicamente 100% do meu tempo livre que surgiu a possibilidade de retorno
da Zaréu, foi ai que mais ou menos em junho do mesmo ano e junto a um amigo
chamado Jadson Felipe, Diretor, fotografo e filmaker da Zaréu Records, em
conversa decidimos retomar a Zaréu Records, a ideia inicial era eu ficar
responsável por toda a parte musical da parada e ele com a parte visual,
inicialmente iriamos fazer pequenas produções com artistas locais apenas com um
celular, um notebook e um microfone condensador. Ao iniciarmos a primeira
produção oficial da produtora outros parceiros foram surgindo e a Zaréu Records
se torna um coletivo de 5 (cinco) pessoas e deixa de ser somente um selo e se
torna, gravadora e produtora audiovisual, hoje a Zaréu Records é composta por
mim, produtor musical, beatmaker, DJ, cantor e aspirante a iluminador, Winícius
Araújo (designer, editor, cenógrafo, curador, Dj e figurinista), Robot Stop
(produtor musical, beatmaker, DJ, Guitarrista e engenheiro de som), Emibê (
rapper, beatmaker e produtor musical) e Jadson Felipe no qual eu já citei sua
atuação a cima.
Bacurau: Quais são seus
projetos para o ano de 2021?
Szafa: Agora em 2021 os
planos são, produzir bastante, seja “solo” ou com a Zaréu. Estamos criando o
espaço cultural Zaréu Records, espaço onde vai se localizar a produtora Zaréu
Records e que também será um espaço de propagação, disseminação e produção de
arte e cultura nas suas mais diversas áreas, no momento estamos em processo de
reforma no espaço para que além dos studios o local seja todo adaptado para
receber as mais diversas manifestações artísticas e culturais, exposições,
shows, cinema, sarau entre outras atividades culturais.
Paralelo a isso tenho focado em
seguir minha carreira como produtor e artista “solo”, estou finalizando meu EP
e tenho feito parcerias com diversos outros artistas do estado, outra pretensão
é me especializar em direção de iluminação para shows e espetáculos, ao longa
das produções com a Zaréu foi uma área que me identifiquei muito.