E você, que usa 100% de sua cabeça
animal?
Uma das ideias que ainda teima em
ser propagada é a de que “o ser humano usa apenas 10% do seu cérebro”. Este
pensamento ganha força aqui no Brasil nos anos 70, do século passado, graças a
música Ouro de tolo, do nosso eterno
Raul Seixas, que diz:
É
você olhar no espelho
Sem sentir um grandissíssimo idiota
Saber que é humano, ridículo, limitado
Que só usa dez por cento de sua cabeça animal.
Inclusive o mesmo tema foi
explorado pelo diretor Luc Besson, no filme Lucy, de 2014, estrelado pela atriz Scarlett Johansson, onde a
protagonista toma uma droga que é capaz de ampliar o uso da sua capacidade cerebral
a níveis altíssimos, “acima dos 10% imaginados”, dando-lhe poderes fantásticos
como o aprendizado instantâneo de qualquer idioma do mundo, a capacidade de
viajar no tempo e a de fazer alterações em seu corpo, se transformando em
outras criaturas, além de conseguir controlar a matéria, o tempo e o espaço. De
fato, ela deixa de ser humana e se torna uma semideusa à medida que seu
potencial cerebral vai aumentando. Mas, claro, isso é ficção.
Esse conceito do uso limitado de
nossa massa cinzenta aparece pela primeira vez no ano de 1908, no livro As energias dos homens, do psicólogo
Willian James, onde o mesmo afirmava que “usamos apenas uma pequena parte de
nossos recursos mentais”, porém ele não delimitou porcentagem. Essa ideia dos
10% aparece somente no ano de 1936, com o livro Como ganhar amigos e influenciar pessoas, de Dale Carnegie.
Mas, graças às ciências, sabemos
que nós, humanos, não somos limitados a usar somente os 10% de nosso cérebro e
sim, 100% de sua capacidade.
Imagine que você prende a circulação
sanguínea de um de seus dedos da mão e assim ficasse por muito tempo. O mesmo
iria necrosar e você teria, em algum momento, que amputar o dedo. O mesmo se
aplicaria ao nosso cérebro, se apenas uma parte dele fosse usado. Provavelmente
teríamos uma massa encefálica bem menor e, consequentemente menos chances de
ter evoluído como evoluímos.
Entretanto, para se ter um bom
cérebro é necessário sim, fazer exercícios, não somente físicos, mas também
leituras, jogos e caça-palavras. Para além desses exercícios é salutar você se
desafiar em aprender a tocar algum instrumento, uma nova língua, tentar artes
plásticas, fazer viagens e conhecer novas pessoas.
Nosso cérebro é uma máquina
biológica fantástica. Permite ao ser humano conceber lindos poemas, mecanismos
engenhosos, arquiteturas complexas e incontáveis formas de expressões que
somente um intelecto com 100% de uso pode nos dar.
Cuide bem de você, cuide bem de seu
cérebro!
Prof. Manoel Pereira é formado em
Licenciatura Plena em Física, na UEPB; tem especialização em ensino de
Ciências, pela UNB; Mestre em Ensino de Astronomia, pela UEFS; além de
trabalhar com divulgação científica através do canal do Youtube e Instagram Ser
Tão Ciências.
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