Suzi Mariana é uma artista água-branquense, cantora, compositora e produtora musical, é idealizadora do projeto pub abajur no sertão de Alagoas, Suzi tem se destacado na cena cultural por suas músicas bem trabalhadas e por suas belas composições, seu engajamento na cena artistica de sua cidade é também destaque na região do semi árido alagoano, batemos um papo com Suzi Mariana que vocês conferem a seguir.
Bacurau: Suzi quando se
interessou em tocar e compor profissionalmente?
Suzi: Em 2012, quando de
fato iniciei meus primeiros trabalhos mais sérios com a música.
Bacurau: Você tem se
destacado também na produção cultural e musical, criou o projeto/pub-bar Abajur
em Água Branca-AL, proporcionando um bom intercâmbio cultural entre a capital e
o interior, trazendo para se apresentar lá grandes nomes da cena local
água-branquense e da capital Maceió, como se deu essa ideia e como estava indo
antes da pandemia?
Suzi: O Pub Abajur é uma
casa de show/pub que surgiu com o intuito de fomentar a arte de diversos
trabalhadores do setor cultural. Desde dezembro de 2018, produzimos mensalmente
eventos especiais.
Com shows musicais, exposições de
artes e recitais, o espaço trouxe uma nova oportunidade para artistas da cidade
de Água Branca e de outras regiões poderem trabalhar a formação de público e
poderem obter mais uma nova fonte de renda, já que nossos eventos funcionam a
partir da venda de ingressos.
O Pub, nasceu através do Projeto 'Sessão Abajur', que foi um projeto idealizado por mim, inicialmente apenas com o intuito de interagir mais com o público da minha cidade, pelo qual tenho muito carinho, e assim poder arrecadar dinheiro para a gravação de um novo trabalho, porém, o pessoal ficou tão empolgado em conhecer novos sons que me pediram para continuar, - independentemente dos resultados do projeto, trazendo novos artistas para eles conhecerem. Assim, nasceu o Pub Abajur. Como resultado disso, também me tornei organizadora dos eventos e trouxemos shows de artistas como, Igor Gnomo group (BA), Divina Supernova (AL), Asley (BA), Gau (AL), Lari Luma (AL), Alan Lins da banda Casa da Mata (AL), Elloyra (BA), Xandra Diáfana (BA), e tantas outras exposições de artes e recitais, acompanhados do animado, Karaokê, das bebidas e dos petiscos especiais, servidos em nossos encontros mensais. Mas infelizmente, devido a pandemia, nossas atividades presenciais ainda continuam paradas.
Bacurau: A primeira vez
que te vimos tocar foi em um projeto do músico e instrumentista Igor Gnomo em
Paulo Afonso-BA, como se deu esse encontro e parceria com ele?
Suzi: Começou através de uma amiga, Mel Campos, que me apresentou a Gnomo. Ele fez a produção musical do meu primeiro EP. A partir daí nossa amizade e parceria musical só foi crescendo. E eu tenho aprendido muito com Gnomo e com o CEMIG.
Bacurau: Você realizou ano
passado um projeto musical intitulado tributo a Zé Ramalho, como foi a
receptividade do público a esse projeto?
Suzi: Apesar de ter sido algo simples, feito de forma virtual, através de LIVE no Instagram, o pessoal foi bem receptivo. Eu estava devendo esse show ao meu público há mil anos (risos). Cantar as músicas de Zé Ramalho é um desafio gigante e me deixa muito feliz.
Bacurau: Como a pandemia
impactou seus projetos, e como se virou para continuar sua produção artística
em tempos de distanciamento social?
Suzi: Acredito que tenha impactado a mim e a todos profissionais da área da mesma forma. Não podíamos tocar, isso afetou nosso bolso, diretamente. Mas no meu caso, musicalmente falando, realizei LIVES (no Facebook, Instagram e You Tube), participei de editais que ajudaram os fazedores de arte a se manterem nessa fase.
Bacurau: Quais são os
desafios de se produzir conteúdo artístico e musical no sertão de Alagoas?
Suzi: Essa é uma questão
interessante! Penso que cada artista tenha uma queixa diferente a fazer. Mas,
falando agora a partir da minha experiência até aqui, mencionarei então dois
desafios. O primeiro seria a distância de Água Branca para outros lugares. Se a
gente quer gravar um disco, trabalhar uma formação de público mais ampla,
precisamos sempre sair da cidade. Se desejamos adquirir instrumentos musicais,
participar de programas de tv, a gente também precisa sair; e se quisermos
fazer shows com mais frequência, também precisamos sair, pois aqui não tem
muito espaço pra isso. E as vezes é difícil, devido a questão financeira. O
artista independente sabe bem como é isso!
O Segundo ponto é que sinto falta de projetos
que apoiem os artistas locais de forma contínua. Seria muito legal se a
população e os gestores públicos locais passassem a enxergar o quão importante
é falar sobre cultura e apoiar concretamente a arte local. Pessoas que moram em
outras regiões começam a olhar pra essa cidade com novos olhos, passam a
visitar mais esse local e começam a falar mais desse lugar. A população passa a
conhecer novos sons, novas artes. Acredito
que a cidade que toma conhecimento disso de verdade, cresce imensamente. Cresce
financeiramente, intelectualmente, humanamente e culturalmente!