Edson mais conhecido por "Chuck" é multiartista e empreendedor da cultura em Paulo Afonso, e é entusiasta da economia criativa, a Bacurau ele concede essa interessante entrevista, onde fala um pouco da sua carreira e das dificuldades da arte na pandemia.


Bacurau: Chuck, quando realmente começou a se enveredar para a carreira artística?

Chuck - Cara, eu sempre desenhei. Na escola eu já tinha uma pasta portifólio com meus desenhos, os vendia pra comprar lanche rsrs. Em artes cênicas eu participei de um grupo de teatro amador do bairro centenário, chamado O Meninão, era um grupo de comédia, o palhaço, eu tive uma grande fonte de inspiração na Família, um tio meu, que fugiu com o circo e se tornou palhaço!
Das várias linguagens artísticas que expresso, cada uma teve uma história particular de como começou a se tornar oficio, então desde minha infância e adolescência tinha essa ideia bem fixa de que trabalharia profissionalmente com Arte.

Bacurau: Você começou seu trabalho como palhaço profissional primeiramente solo, quando sentiu a necessidade de formar um grupo como o tomate cósmico?

Chuck - Eu participei da criação de um outro grupo que chama Trupe Dirrua, o circo sem lona tínhamos cinco integrantes, e foi o começo da minha trajetória com palhaçaria, o tomate cósmico, nasceu como extensão da amizade e parceria com Bruno Santos, que já era recreador, e nos encontrávamos sempre nas oficinas de teatro do Sesc, essa junção tem um papel crucial na minha arte do palhaço, afinal, a dupla de palhaços é uma grande expressão do mundo do circo.

Bacurau: Diferente de muitos artistas de rua, você tem se empenhado no oficio de animador e de palhaço profissional, porque ainda muitos artistas não possuem visão empreendedora de sua arte e oficio?

Chuck - Cara, como disse eu sempre tive essa ideia fixa de que me tornaria um profissional da arte, e isso me motivou a me preparar em diversos sentidos, fiz cursos, estudei muito por conta própria, tive ótimos mentores nesse processo, e principalmente, estudei muito pra além da arte em si: Marketing cultural, marketing de relacionamento, Economia criativa, Comunicação e publicidade, técnicas de vendas e etc.
Cada artista tem uma trajetória singular, mas credito que pode ser uma questão mentalidade/visão de mundo e sobre tudo, condicionamento social, muitos artistas são desestimulados e desestimuladas a construir uma carreira profissional nessa área. Por isso, acredito ser tão importante o autoconhecimento, dedicar um tempo a perceber como fomos moldados social e emocionalmente e romper esses limites e pré conceitos com o mercado, artista tem que ter o direito de prosperar!

Bacurau: Você foi pioneiro na cidade na arte do grafite artístico, quebrando muitos estigmas antes sobre o grafite, que muitas vezes é confundido por pichação, como se iniciou esse trabalho?

Chuck - Na real, não fui o primeiro man... Quando comecei em 2015, já tinha visto um desenho do Carlinhos (capa, hoje tatuador) no prédio do antigo refeitório da chesf, onde hoje é um posto de gasolina, mas sim, fui o primeiro a me dedicar exclusivamente a isso! Sobre esses estigmas, acredito que foi num contexto global...o graffiti tomou um espaço que ninguém imaginaria! Eu acho que ele tem uma grande potência de expressão, (Num país onde poucas cidades tem um centro cultural, quem dirá uma galeria de arte, o graffiti é uma ótima via de contato com o público) e me colocou numa outra relação com a cidade, iniciei em 2015, quando um amigo recebeu um primo dele que vinha de SP e era grafiteiro, articulei uma oficina em parceria com a prefeitura, eu sempre entro nas coisas com muita intensidade veio...No ano seguinte passei um mês em SP pra conhecer e sentir o graffiti na pele, participei de festivais em recife, pintei muito no FIG... enfim expandi minha rede,como eu já desenhava muito, ampliou a comunicação da minha Arte!

Bacurau: No começo da pandemia todos os espaços para apresentação artística foram fechados, e muitos artistas/músicos tiveram que se reinventar com lives e atividades on line, como se virou nesse período mais duro da pandemia?

Chuck - Então, 2020 pra mim (imagino e espero que pra todo mundo) foi uma grande encruzilhada, que colocou minha vida num outro horizonte, por incrível que pareça, eu simplesmente parei minhas atividades artísticas por completo e fui estudar outras coisas: novas economias, formação de comunidades e redes, grandes movimentos sustentáveis e regenerativos, criatividade, educação, cultura de paz, agricultura e tanto o mais. Por eu trabalhar com muitas linguagens artísticas (desenho, graffiti e palhaço) de tempos em tempos algumas dessas ficam em encubação, e outras em evidencia, mas essa foi a primeira vez onde todas cessaram, hoje que estou retomando muita produção, sobre tudo no desenho.

Bacurau: Quais projetos pretende implementar em 2021?

Chuck - Temos algumas atividades relacionadas aos recursos da Aldir Blanc, como alguns vídeos em comemoração ao mês do circo (março), com o Tomate cósmico, e uma série de Ilustrações inspiradas na Caatinga, chamada Imaginário Ser-tão Transcendental. Ademais, estou muito organizando as coisas, quero atuar muito na formação e estruturação de redes criativas, vamos lanças uma série de produtos pela comunidade criativa Dezenhação, adoraria implementar uma moeda social complementar, papo inclusive que renderia outra entrevista! rsrs