Gilberto Gil, sempre ele, sabe nos encantar e elevar nossos sentimentos para além da estratosfera de nossa imaginação, com suas lindas e sutis letras, cheias de metáforas, belezas e com doses de tecnologia e ciências Físicas, como no trecho da musica “Estrela”, lançado no disco QUANTA, de 1997, que diz:

 

“Há de surgir

Uma estrela no céu

Cada vez que ocê sorrir

Há de apagar

Uma estrela no céu

Cada vez que ocê chorar”

 

Nosso poeta atrela sentimentos humanos que nascer e o crepúsculo desse ente cósmico tão admirado, que damos o nome de estrela.

 

Gil não erra, pois assim como sorrisos e lágrimas podem brotar em nossas faces, as estrelas estão a todo momento surgindo e desaparecendo em todos os cantos deste nosso imenso, e quase infinito, universo.

 

À noite, quando não há a luz da Lua, estando em um lugar onde também não há o brilho de luzes artificiais, podemos observar quase 2500 estrelas no céu, claro que isso é apenas uma nesga, em relação à quantidade ásteres que existem em nossa galáxia, que chega à casa de 300 bilhões.

 

Mas saiba que há centenas de bilhões de galáxias e que cada uma delas abriga bilhões ou até mesmo trilhões dessas luzes encantadoras.

 

Não fugindo às regras cíclicas universais, as estrelas também nascem, vivem e morrem; assim como os animais, as plantas ou mesmo nós, humanos, porém com uma escala de tempo muito, mas muito maior que a nosso tempo de vida sobre a Terra. Só para termos uma noção, nossa estrela já tem 4,5 bilhões de anos e estima-se que ainda brilhará por mais 4 ou 5 bilhões de anos. Ou seja, uma eternidade perto de quem só vive no máximo 100 anos.

 

As estrelas nascem a partir da aglomeração do elemento mais básico e abundante que existe no universo, o hidrogênio, que estando numa grande nuvem, começa a ser envolvido pelo laço da gravidade, fazendo com que o mesmo comece a se chocar com outros átomos de hidrogênio, gerando uma fusão nuclear, que libera muita energia e uma luz incandescente, que chamamos de fótons.

 

Se você quer imaginar como esse processo ocorre, pense que cada mão sua é um átomo de hidrogênio e choque uma contra a outra, aplaudindo. O som que sai desse choque equivale ao fóton. Sem massa, mas que possui brilho e energia.

 

Ainda com a fusão do hidrogênio, temos o nascimento do hélio, o segundo elemento mais farto no universo e neste ponto peço que você pare ligeiramente a leitura deste texto e procure uma tabela periódica. Observe a ordem crescente dos elementos químicos. Viu que na tabela o 1º elemento é o hidrogênio; o 2º, hélio; o 3º, lítio; o 4º, berílio, e assim por diante. Quase todos os elementos que estão na tabela periódica são “fabricados” no interior das estrelas, claro, dependendo das características dessa estrela, como sua temperatura, diâmetro e massa, o que também determina se sua existência será longa ou curta, além do tipo de fim que a mesma terá.

 

Uma estrela em seu fim pode explodir, pode inchar até perder sua casca ou mesmo colapsar em si e daí se tornar buraco negro. Não são finais melancólicos, mas sim transformações recheadas de belezas e mistérios ainda a serem descortinados pela astrofísica.

 

Sim, Gilberto Passos Moreira, neste exato momento, há alguma estrela nascendo, enquanto outra está se transformando, assim como sorrisos e lágrimas vão se metamorfoseando nas nossas faces.

 

Prof. Manoel Pereira é formado em Licenciatura Plena em Física, na UEPB; tem especialização em ensino de Ciências, pela UNB; Mestre em Ensino de Astronomia, pela UEFS; além de trabalhar com divulgação científica através do canal do Youtube e Instagram Ser Tão Ciências.

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