A agricultura camponesa é fundamental para reduzir as desigualdades no espaço agrário de Paulo Afonso, segundo o Censo Agropecuário de 2017 as atividades produtivas do campo pauloafonsino estão concentradas na pecuária, representando 53,4% onde a bovinocultura representa 42,4% desse montante, sendo 34% para o gado de corte e 7% para o gado leiteiro. A agricultura representa 46,6%, no entanto não há nenhum tipo de organização na produção, deve-se levar em consideração também que 32% das atividades agrícolas praticadas no município são sazonais obrigando o camponês a se dedicar a outras atividades para completar a renda.

É necessário quebrar os paradigmas da produção agropecuária no município de modo que se estabeleça uma cadeia produtiva pautada na produção de alimentos, tal prática possui a capacidade de mitigar as desigualdades no campo e de contribuir para Segurança Alimentar oferecendo alimentos saudáveis de acesso facilitado. Diante das dificuldades estruturais encontradas pela população do campo, essas ações precisam surgir a partir de políticas públicas.

A promoção de novas formas de ação coletiva é essencial para uma mudança na forma de produzir como: organização dos trabalhadores do campo em associações que se estruture no cooperativismo, gerido impreterivelmente pelos próprios trabalhadores do campo organizados; a criação de uma rede de agricultores/fornecedores capaz de manter o fluxo econômico em todo o espaço agrário do município; a formação de grupos de consumo solidário - prosumidores, promovendo uma distribuição organizada da produção; estabelecer feiras populares agrícolas de forma distribuída, que é a principal forma de comercialização de alimentos; e a modernização na forma de comercializar os alimentos como, por exemplo, plataformas de compras virtuais.

Outra ação importante é promover programas que permitam a permanência do jovem no campo. Em uma comparação com o Censo Agropecuário de 2006 e 2017 conclui-se que houve uma queda na população jovem na faixa etária de 25 à menos de 35 anos de 14% para 10%, isso se reflete na falta de mão de obra para o campo. Tal aspecto pode ser resolvido a partir de políticas de estímulo a liderança jovem, políticas educacionais de modo que estabeleça uma relação afetiva do lugar, programas de informatização do campo colocando o jovem como protagonista dessa estrutura.

“Não estamos falando da enxada, estamos falando da tecnologia apropriada. Estamos defendendo a reforma agrária e uma política agrícola para a agricultura camponesa. Nosso propósito é conceber uma educação básica do campo, voltadas aos interesses e ao desenvolvimento sociocultural e econômico dos povos que habitam e trabalham no campo, atendendo às suas diferenças históricas e culturais”.

Bernardo Mançano Fernandes (2011).

 

Rodrigo Gomes de Santana é professor, geógrafo e pesquisador do Núcleo de Estudos Agrários e Dinâmicas Territoriais – NUAGRARIO.