Tu sabes quantos dias se passaram
desde do momento que você saiu de sua progenitora até o momento desta leitura?
Não?
Simples, é só você multiplicar sua
idade por 365, que são os dias de nosso ano solar, e a cada 4 anos, acrescentar
mais um. Exemplo: uma pessoa com 40 anos de idade. Temos 40 anos x 365 dias =
14600 dias, mas temos que adicionar mais 10 nesta conta, devido aos anos
bissextos. Ou seja, são 14610 dias de existência neste planeta.
Para uma pessoa nesta idade, do
momento que em que veio à luz, até hoje, o planeta deu 14610 voltas em torno de
si e neste processo este ser humano quadragenário, aprendeu a andar, ver,
comer, se relacionar, sorrir, chorar, confiar, desconfiar, construir, destruir,
viajar, odiar, perdoar, pensar, repensar, lhe dar com as perdas materiais e com
seu próprio destino, que é a de morrer.
Veja que há um processo ao longo de
sua existência. Afinal, vossa mercê não saiu do ventre materno já sabendo ler,
falando, comendo pizzas ou com mais de um metro e vinte de altura. Não, você
vai se desenvolvendo, aprendendo, fazendo escolhas que vão afetar sua vida de
forma positiva ou negativa com o passar dos anos.
Claro que há fatores que vão além
das escolhas do sujeito, como os aspectos sociais, econômicas e biológicas.
Obvio que uma pessoa nascida num país desenvolvido, com renda per-capita justa,
tem mais chances de chegar aos 29220 dias, do que alguém oriundo de uma terra
natal com pouco desenvolvimento econômico-social. Entretanto, de nada adianta
nascer em berço esplendido, ser herdeiro de um império de bilhões, se a mesma
tiver predisposição genética a doenças terminais.
De forma análoga a nós, seres
humanos, nosso amado planeta Terra, também passou e ainda passa por processos
na sua dinâmica geográfica e existencial. Porém com muito mais tempo, algo em
torno de 4,5 bilhões de anos.
Obvio que contar os dias da Terra
daria um número enorme, mas graças a nossa imaginação, podemos conceber um
calendário gregoriano-terrestre e encaixar nele o nascimento e evolução do
nosso planeta até os dias de hoje. Para isso, cada mês deste nosso calendário de
Tellus* teriam 375 milhões de ano, um dia valeria 12 milhões e 500 mil anos e
cada hora 521mil dias, aproximadamente.
Assim, começando no dia 1º de
janeiro, nosso planeta é apenas um apanhando que poeira e rochas que vão se
agrupando graças aos laços gravitacionais de nossa estrela, quase recém-nascida
e que tomam forma quase globular, por volta do dia 25 de janeiro. Mas as
primeiras formas de vida, unicelulares e bastante simples, só vão surgir nos
fins do mês de setembro para outubro, com a Terra já tendo mais de 3,5 bilhões
de anos. De outubro até dezembro, aparece em nosso planeta seres das mais
variáveis espécies, que dentre eles se destacam os dinossauros em suas
gigantescas proporções e que de acordo com o nosso calendário imaginário,
reinaram absolutos por quase 5 dias e meio, algo em torno de 66 milhões de
anos. Com o desaparecimento dos dinossauros, uma nova espécie pôde florescer e
evoluir sobre a superfície de Gaia. Os mamíferos!
Assim, o ser humano, sendo mais
especifico o Homo-Sapiens, surge apenas nos últimos 40 minutos do dia 31 de
dezembro e somente por volta das 23h 59min e 00s que as civilizações, reinos,
impérios, sociedade e evolução tecnológica despontam, fechando nossos dias
atuais nos exatos 24h 00min e 00s.
Compreendendo que a vida, é
processo evolutivo, lento e demorado, podemos entender que nada aparece em um
passe de mágica, num estalar de dedos ou numa simples ordem imperativa.
Ter o mínimo de conhecimento
científico é se permitir captar a magia da realidade de quem somos, onde
estamos e pra qual lugar poderemos ir.
Em algum momento futuro da história
nossa espécie há de desaparecer, bem como nosso planeta há de ser engolido pelo
nosso Sol, quando este também estiver em seus últimos instantes e começar a inchar.
Mas até lá, proponho que possamos
fazer desta nossa casa um lugar melhor, seguro e de condições de igualdade para
todos que nela habitam.
* Tellus é nome romano para deusa
Gaia, de origem grega, que se referem à Mãe-Terra.
Prof. Manoel Pereira é formado em
Licenciatura Plena em Física, na UEPB; tem especialização em ensino de
Ciências, pela UNB; Mestre em Ensino de Astronomia, pela UEFS; além de
trabalhar com divulgação científica através do canal do Youtube e Instagram Ser
Tão Ciências.
Contato sertaociencias@gmail.com Insta @sertaociencias Facebook Ser Tão Ciências
Referências
para a construção deste texto.
Dawkins,
Richard - A magia da realidade, Cia. Das Letras – 2012
Sagan, Carl – Cosmos, Companhia das
Letras - 2017
Série Cosmos – 1980
Calendário
Cósmico - https://pt.wikipedia.org/wiki/Calendário_cósmico