Na física, dividimos os corpos e objetos como sendo luminosos: que são aqueles que possuem luz própria como o Sol, uma lâmpada acesa e carvão em brasa; e iluminados, que por sua vez, refletem a luz, a exemplo do ser humano, a Lua e uma bela flor.

 

A nossa visão é uma lente receptora de energia radiante a que damos o nome popular de luz. Essa energia, ao chegar em nosso cérebro, é transformada em imagens de tudo ou de qualquer coisa que já enxergamos ou que poderemos ainda vislumbrar. Ou seja, para que você veja algo, até mesmo esta leitura que está sendo feita, a luz deve incidir sobre o objeto e esta refletir em seu globo ocular.

É simples entender.

Porém, a ação da luz incidir, refletir e chegar até seus belos olhos leva um tempo e não é ato instantâneo. Claro que para curtas distancias parece que sim. Mas não, não é mesmo.

O que é classificado como “luz visível” é uma onda eletromagnética e também partícula que viaja, no vácuo, à incrível velocidade de quase 300.000Km/s ou 1.080.000.000Km/h.  Em seus postulados, que são a base do seu trabalho sobre a Relatividade, o físico Albert Einstein escreve que a “A velocidade da luz no espaço vazio é a mesma em todos os sistemas de referência e é independente do movimento do corpo emissor’”. Ou seja, nada pode ser mais rápido que a velocidade da luz. Mesmo assim, temos que considerar dois fatores para nos aprofundar mais a respeito do título desta matéria. Um é o tempo e o outro é a distância. Vamos começar do seguinte exemplo: a Lua está a uma distância média de 384.000km de nós, então a luz que ela reflete leva algo em torno de 1,26s. Bem rápido!

Porém, à medida que vamos pegando referências mais longínquas, mais a luz demora a chegar aqui. Nossa estrela-mãe situa-se a meros 150 milhões de quilômetros daqui e, se num estalar de dedos, o Sol fosse apagado às 12:00’00” do dia, só iremos notar esse feito às 12:08’:22”.

 

Na astronomia, usamos alguns padrões para nos referirmos às distancias. Uma delas é o ano-luz, que é baseada numa ideia muito simples. Imagine a luz viajando em linha reta durante um ano - nosso ano solar.

Sabendo que distância é o resultado da multiplicação da velocidade pelo tempo (d = v.t), numa conta simples vamos ter d=300.000km/s x 31.536.000s que vai dá o valor de 9.460.800.000.000 km ou, aproximadamente, 9,5 TRILHÕES DE KM.

Não é à toa que existe a expressão “distâncias astronômicas”, porque, de fato, em se tratando de universo, tudo é muito gigantesco. E graças a esses termos, podemos simplesmente anunciar que corpo celeste A ou B está a X anos-luz de nós e, por isso, a luz que sai ou é refletida por esses corpos leva algum tempo para chegar até aqui.

A estrela Antares é uma das mais visíveis no céu noturno, principalmente pelo seu brilho avermelhado, e está localizada no conjunto de estrelas que formam a constelação de Escorpião, a uma distância de aproximadamente de 600 anos-luz, ou seja, a luz desta estrela, que chega hoje aqui na Terra, saiu da superfície da estrela quando Brasil ainda nem foi descoberto.

Então podemos ir um pouco mais longe olhando para as irmãs Mintaka, Alnilan e Aniltak. Achou estranhos esses nomes? Pode ser, mas você as conhece e admira como “as três Marias”. Uma delas, Alnilan, dista a quase 2000 mil anos-luz e quando a luz que vemos dela começou a viajar em nossa direção, Roma era um poderoso império que dominava boa parte da Europa e Norte da África.

 

Por essa razão que acreditamos que muitas estrelas que ainda hoje são “visíveis” provavelmente já não existem mais em seus locais de origem. Podemos dizer que vemos um céu de fantasmas? (Vou deixar vocês responderem a essa questão)

Por esses e outros exemplos que dizemos que tudo que vemos é passado. Sejam as estrelas, os planetas, a Lua, sua imagem no espelho ou mesmo a pessoa que você ama.

 

Prof. Manoel Pereira é formado em Licenciatura Plena em Física, na UEPB; tem especialização em ensino de Ciências, pela UNB; Mestre em Ensino de Astronomia, pela UEFS; além de trabalhar com divulgação científica através do canal do Youtube e Instagram Ser Tão Ciências.

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