Julho de 2020, três missões
espaciais, uma americana, outra: sendo uma cooperação dos Emirados Árabes com o
Japão, e também uma chinesa, são lançadas em direção daquele que promete ser
nosso próximo habitat, Marte, o planeta vermelho!
O que explica essa coincidência de
lançamentos no mês de Júlio César, é o fato de que a cada 2 anos e um mês,
aproximadamente, Marte fique mais próximo ao nosso planeta azulado, com meros 57
milhões de quilômetros de distância, o que faz que a viagem para lá, dure
apenas meros 7 meses.
Mas, por quê não ir a Vênus, já que
é o planeta com mais proximidade da Terra?
Uma das explicações é que a
temperatura média é da ordem de 470ºC, devido ao efeito estufa e de ter uma
pressão atmosférica perto de ser 9 vezes maior que a nossa, ou seja,
praticamente inviável se pensar em futuras colonizações humanas em um planeta
com tais características.
Mas, voltemos nossas atenções ao
planeta vermelho, que tem essa coloração graças ao excesso de dióxido de ferro
em sua superfície.
Um dia em Marte, tem
aproximadamente 24 horas e 39 minutos e seu período de revolução em torno do
Sol, equivale a 687 dias terrenos, ou seja, um ano marciano vale a quase dois
da Terra.
Egípcios e Babilônios já faziam
registros sobre esta “estrela errante”, mas foram os romanos que eternizaram a
identificação deste planeta com o nome de Marte, deus da guerra, pois sua cor
avermelhada lembrava o sangue derramado nas guerras.
No início do século XX, o astrônomo
americano Percival Lowell publica dois livros, um chamado “Marte e seus
canais”, de 1906, outro em 1908, com o título de “Marte como morada da vida.
Lowell, que tinha seu próprio observatório, defendia a ideia que o planeta
possuía uma rede de canais que se interligavam, como se fossem estradas, e que
estes só podiam ter sido construídos por uma civilização muito avançada, mas
que já não existia ou não habitava Marte. E assim se construiu o mito de havia
seres marcianos. Esse pensamento tomou conta do imaginário popular, que perdura
até hoje. Livros como “As crônicas Marcianas” de Ray Bradbury e “O planeta
Vermelho” de Robert A. Heinlein, que divagam sobre canais que são navegados por
máquinas voadoras, em cidades magníficas e um povo próspero e detentores de
tecnologias muito avançadas.
Mas em 1965, a uma sonda espacial,
batizada de Mariner 3, passou perto de Marte, registrando 22 imagens e
mostrando que lá nem havia civilizações e tão pouco vias de navegação em sua
superfície. Claro que os canais marcianos nada mais eram que a projeção dos
vasos sanguíneos dos globos oculares do próprio Percival Lowell, que eram visados
no sistema de lentes do seu telescópio, como foi provado no ano de 2002 por uma
optometrista americano, Sherman Schultz.
Desde dos anos 60 do século passado
que são enviadas satélites e sondas para fazer imagens e coletar dados do
planeta vermelho.Com essas informações sabemos que Marte possui o maior vulcão
do sistema solar, batizado de Monte Olimpo, com seus 27km de altura, mais de 3
vezes o tamanho de nossa maior montanha, que é o Monte Everest, com seus 8,8
quilômetros de altura. Que a temperatura do planeta oscila entre menos 125 ºC no inverno, e 22ºC, no verão e
que num passado bem distante, algo em torno de 3 bilhões de anos atrás, já
possuiu muita água em sua superfície, mas devido a sua atmosfera ser muito
fina, essa água foi se evaporando para o espaço, tornando o planeta seco e
árido, que Marte é bombardeado por raios cósmicos, de alta energia, e que são
perigosos para o ser humano, pois causam câncer. No filme “Perdido em Marte” o
personagem, para se proteger desses raios, deveria morar em cavernas ou no
subsolo do planeta e assim diminuir as chances de desenvolver algum tipo de CA.
Lugar muito inóspito, não? Porém,
com tudo isso, Marte não deixa de despertar a vontade humana de explorar, de ir
em busca do desconhecido e com sua resiliência, habitar o que parece
inabitável.
Anunciaram que até 2033 teríamos os
primeiros terráqueos pisando em solo marciano. Se tudo der certo, daremos mais
um pequeno passo na exploração espacial e um gigantesco salto para uma futura
colonização em nosso encantador planeta vermelho chamado Marte.
Prof. Manoel
Pereira é formado em Licenciatura Plena em Física, na UEPB; tem
especialização em ensino de Ciências, pela UNB; Mestre em Ensino de Astronomia,
pela UEFS; além de trabalhar com divulgação científica através do canal do
Youtube e Instagram Ser Tão Ciências.
Contato sertaociencias@gmail.com
Insta @sertaociencias
Facebook Ser Tão Ciências
Referências para a construção deste
texto.
Mourão,Ronaldo
- O livro de ouro do universo 2º ed; Rio de Janeiro : HarperCollins
Brasil, 2016
Schwarza
– Do átomo ao buraco negro: para descomplicar a astronomia; São Paulo: Editora
Planeta do Brasil, 2018
Tyson, Neil Degrasse – Morte no
buraco negro: e outros dilemas cósmicos 1º ed – São Paulo: Editora Planeta
do Brasil, 2016.
https://correionago.com.br/portal/os-raios-cosmicos-e-o-risco-da-radiacao-para-futuras-missoes-ao-palneta-marte/
acessado em 01/08/2020
https://pt.wikipedia.org/wiki/Marte_(planeta)
acessado em 01/08/2020
https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81gua_em_Marte
acessado em 01/08/2020