Desde a chegada da cerveja no Brasil, com receitas trazida por imigrantes alemães, formouse a falsa ideia dentre o nosso povo que a Alemanha é o país da cerveja. A Alemanha, realmente, é um dos países que tem a cerveja diretamente ligada a sua cultura e história, mas não é o único. A Alemanha é uma das quatro grandes escolas cervejeiras do mundo, e divide esse título com: Inglaterra, Bélgica, e Estados Unidos. Devido a nossa influência alemã no campo cervejeiro, ficamos limitados as cervejas Lagers. Os estilos de cervejas que se enquadram no lado Lager, são estilos que usam as leveduras Lagers em sua fermentação. São leveduras de baixa fermentação, ou seja, leveduras que trabalham no fundo dos fermentador. Com isso, por dois séculos, o mercado consumidor brasileiro, no geral, desconheceu o outro lado da cerveja, as cervejas Ale. A cervejas Ale, são assim classificadas, por usarem leveduras Ale, são leveduras de alta fermentação, ou seja, trabalham no topo do fermentador. As leveduras Ale, diferente das Lagers, liberam vários aromas na cerveja através dos ésteres produzidos na fermentação, dando caráter frutado ou condimentado as cervejas. Outra grande diferença entre essas leveduras, é a temperatura de trabalho, enquanto as Lagers tem sua melhor condição a 12° C, as Ales sentem-se confortáveis em temperaturas mais altas, entre 18° e 25° C. Com a introdução de cervejarias artesanais ou de pequeno porte em nosso país, as Ales finalmente chegaram ao nosso mercado, com preço mais elevados, devido aos altos custos em sua produção, ainda não tornaram-se populares, e acredito que talvez nunca cheguem a ser, mas é fato, que elas caíram no gosto de quem teve o prazer de conhecê-las. A IPA(India Pale Ale), é a queridinha do público cervejeiro artesanal brasileiro, com alto amargor e aromas que explodem como ogivas ao abrir uma garrafa, ela vem conquistando cada vez mais brasileiros, apesar de ainda ter menos de 1% do mercado consumidor. A expectativa dos produtores de cervejas Ale, é que em 2 ou 3 décadas o mercado cervejeiro brasileiro, deixe de ser um reduto de American Lagers comercias ( Skol, Bhrama, Antarctica, Schin, etc.), passando a ter cada vez mais, estilos que se diferenciam não só por sua qualidade, mas pela capacidade de trazer novos sabores para o consumidor.


Júnior Sertão é mestre cervejeiro e proprietário da Cervejaria do Sertão.