Provavelmente olhar o céu é uma das
ações mais antigas praticada pelo ser humano. Um ato simples, sim! Mas de muita
importância para a evolução destes primatas falantes, que com o passar dos
séculos, iria tomar conta do planeta e que também iria ultrapassar as barreiras
da abobada celeste para ter a certeza que a habitamos um planeta azulado e
arredondado.
Foi observando as estrelas que os
primeiros agricultores puderam fazer uma relação entre o momento certo de
plantar e o de colher, estabelecendo assim uma conexão com as mudanças
climáticas.
É com florescer das primeiras
civilizações, na região da Mesopotâmia, que a imaginação humana faz associações
entre grupos de estrelas com animais e deuses, criando as primeiras constelações,
sendo as principais a do zodíaco. Algumas dessas continuam com mesmo nome dado
há mais de 4 mil anos, a exemplo das constelações de Escorpião e Gêmeos. São
esses povos mesopotâmicos que fazem os primeiros registros, em tabuas de
argila, dos fenômenos celestiais, como os eclipses da Lua, do Sol e de estrelas
errantes que “caminhavam no céu”, enquanto as demais se mantinham fixas. Mais
tarde os gregos vieram chamar essas errantes de planetés, ou planetas. Uma das explicações plausíveis para nossa
semana ser dividia em 7 dias, é justamente por conta da observação a olho nu de
5 planetas do nosso sistema solar, que eram venerados com deuses, do Sol e da
Lua.
Claro, todos os povos em nosso
planeta, em algum momento de sua história, praticaram a chamada “astronomia
primitiva” ou também conhecida como Etno-Astronomia. Os Egípcios, por exemplo,
criaram o primeiro calendário solar, há mais de 6 mil anos, com 365 dias, com
base na relação entre a estrela Sirius e o momento em que o Sol começa a
nascer. Os índios brasileiros identificavam suas constelações como Ema, Homem
velho, Veado, Jabuti e os mesmos já tinham noção que o movimento das marés
altas e baixas estava ligada com as fases Lua, antes mesmos que os europeus,
bem como o fenômeno da Pororoca, que ocorre do encontro das águas do rio com as
do mar, gerando ondas grandes e volumosas.
Mas são os gregos que mais se
destacaram, entre as civilizações antigas, no que tangem as observações do céu.
Hiparco, astrônomo e filosofo, é o primeiro a catalogar as estrelas de acordo
com seu brilho, o que chamou de magnitude, e também a contar o número de
estrelas, visíveis para sua região, algo em torno de 850. Não, deforma alguma
cresceram verrugas nos dedos de Hiparco, como muitos ainda podem acreditar.
É Erastóstenes de Cirene que
realiza o primeiro cálculo da circunferência da Terra, há quase 2200 anos atrás,
utilizando a trigonometria muito básica, e sem o uso de calculadora, errando
por uma diferença de fantásticos 1,4% do valor correto. Com certeza um dos
grandes feitos humano.
Até o século final do século XVI,
as observações do céu, eram feitas apenas usando os olhos, a imaginação e,
claro, muita intuição.
Mas eis que um belo dia, no ano de
1609, um italiano, em posse de um aparelho chamado de “trompa holandesa” e faz
algo simples: o aponta para o céu noturno.
O italiano era Galileu Galilei, o
aparelho seria, mais tarde, batizado de telescópio. Lembrando que, apesar de
não tê-lo inventado, ele fez melhorias que possibilitaram observações de
objetos distantes, com boa visibilidade e definição.
Esse ato simples de Galileu,
mostrou a ele que a Lua tinha crateras, que o plante Júpiter era acompanhado de
mais 4 luas, a quais ele batizou de Iô, Ganimedes , Calisto e Europa, que o Sol
tinha manchas e que Saturno tinha dois, que mais tarde mostrou ser os anéis que
circundam o planeta.
É com Galileu Galilei que a partir
do século XVII que os astrônomos começam a desenvolver instrumentos ópticos
cada vez mais poderosos, que permitiram olhar mais longe no céu profundo,
mostrando novos planetas, nebulosas, galáxias, estrelas dos mais variados
tamanhos, brilhos e cores, além de mostrar que Terra não é era o centro do
universo conhecido, não passando de ser apenas um pálido ponto azul dentro do
sistema solar.
Olhar para céu ainda encanta. Nos
faz sonhar em ser astronautas, guerreiros em naves espaciais, viajantes
intergalácticos ou na chegada de seres extraterrenos em espaçonaves
fantásticas.
É olhando a abobada celestial que a
gente pergunta o motivo que umas estrelas possuem cores diferentes e umas
cintilam e outras não? Por quê que o céu é azul? Qual a cor do Sol? O que são
os eclipses? Será que estamos sós neste infinito universo? Poderemos habitar a
Lua ou Marte? Como surgiu todos esses corpos celestiais? Tantos questionamentos
por conta de um gesto tão simples.
Olhar pro céu é libertador, se
você, adulto, se permitir ver com o olhar de criança, que faz pedidos as
“estrelas cadentes”, que enxerga animais nas nuvens, igual a Kaká e sua turma,
que vê seres mitológicos nas estrelas e que deseja explorar o desconhecido.
Então convido a você, leitor, a
olhar mais para céu e ver como ele sempre está lindo!
Prof. Manoel
Pereira é formado em Licenciatura Plena em Física, na UEPB; tem
especialização em ensino de Ciências, pela UNB; Mestre em Ensino de Astronomia,
pela UEFS; além de trabalhar com divulgação científica através do canal do
Youtube e Instagram Ser Tão Ciências.
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